dinâmica da indústria

Tesouro Nacional suspende operadores sem licença a partir de outubro

2024-09-24 10:56:40

pexels-ca00-2065850-scaled

O governo brasileiro lançou novas regulamentações sob a Portaria Normativa nº 1.475, que proibirá operadores que ainda não tenham solicitado uma licença de apostas, a partir de 1º de outubro.

Operadores que enviaram uma solicitação, mas ainda não estão ativos no mercado, terão que esperar até 1º de janeiro para operar, desde que recebam uma licença. E aqueles que já enviaram uma solicitação podem continuar a operar até o final de dezembro, antes da data de lançamento legal do mercado em 1º de janeiro.

Um total de 113 solicitações de apostas foram enviadas durante a janela inicial de preferência de 90 dias do regulador. Operadores que se inscreveram dentro desse período têm a garantia de receber uma licença até 1º de janeiro. A Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA), que fica dentro do Ministério da Fazenda, está atualmente analisando as solicitações.

Operadores que não tiverem licença enfrentarão pesadas sanções a partir de janeiro, incluindo uma multa de R$ 2 bilhões (£ 269,8 milhões/€ 320,3 milhões/US$ 354 milhões) e uma proibição de solicitar uma licença por até 10 anos.

Eduardo Carvalhaes e Karen Coutinho, advogados do escritório brasileiro Lefosse, acreditam que esta será uma maneira útil de aliviar os medos das empresas que buscam autorização sobre a presença persistente de operadores ilegais.

"A expectativa do mercado é que esta medida antecipe a remoção de empresas não conformes de 1º de janeiro de 2025 para outubro", disseram Carvalhaes e Coutinho ao iGB.

Como funcionará a suspensão?
Os operadores atualmente ativos devem solicitar uma licença de apostas até as 23h59 do dia 30 de setembro para evitar serem bloqueados do mercado. Isso incluirá informar à SPA quais marcas e domínios eles planejam operar durante o "período de adaptação" entre 1º de outubro e 31 de dezembro.

Operadores banidos devem dar aos jogadores uma janela de 10 dias para sacar fundos.

Todos os operadores legais devem usar o domínio Bet.br a partir de 1º de outubro para torná-los mais fáceis de distinguir de sites ilegais. A mudança de domínio permitirá que o SPA detecte facilmente operadores ilegais.

Na visão de Lefosse, haverá impacto "mínimo" para operadores que já demonstraram sua intenção de cumprir com os regulamentos. Para aqueles que não o fizeram, haverá ramificações maiores.

"As empresas que operam fora do arcabouço legal precisarão suspender rapidamente suas atividades durante este período e decidir se cumprem (e solicitam autorização) ou saem do mercado brasileiro", explicam.

"A partir de agora, as empresas que pretendem regularizar suas operações devem expressar prontamente sua intenção, suspender suas atividades durante este período ou podem enfrentar penalidades a partir de outubro."

O SPA está confiante de que o prazo de outubro restringirá o mercado negro
Sobre a mudança de regra, o chefe do SPA, Regis Dudena, disse que a mudança é necessária para reprimir operadores ilegais. "[Como] muitas operações policiais envolvendo empresas no mercado de apostas de forma criminosa vieram à tona. Essa foi a maneira que encontramos de não esperar até janeiro para começar a separar o joio do trigo”, disse ele.

O tesouro trabalhará junto com outros órgãos, como o Ministério da Justiça e Segurança Pública, o Banco Central do Brasil e a Agência Nacional de Telecomunicações Anatel para garantir que sites não licenciados sejam retirados do ar a partir de 11 de outubro.

Dudena acredita que a medida se alinha com o objetivo do SPA de “proteger a saúde mental, financeira e física” dos jogadores de operadores ilegais que desejam usar as apostas como uma forma de cometer fraudes e lavagem de dinheiro.

Repressão a operadores ilegais
Em sua repressão ao mercado negro, o governo brasileiro bloqueará pagamentos envolvendo empresas offshore feitos por meio do Pix, um serviço de pagamento instantâneo controlado pelo Banco Central e usado pela maioria do mercado de apostas.

O diretor da Pay4Fun, Ari Celia, acredita que o bloqueio de pagamentos será eficaz para acabar com o mercado negro devido ao controle do governo sobre o Pix.

"Se algum banco comercial não souber que tem uma empresa ou cliente que está usando sites ilegais, assim que receber um aviso do Banco Central, ele fechará sua conta bancária imediatamente", disse Celia ao iGB.

"Se não o fizerem, estarão sujeitos a multas. Não faz sentido nenhum banco comercial no Brasil permitir que essas contas processem o Pix depois de serem notificadas."

Além disso, o governo fará parcerias com plataformas de mídia social, bem como com o Banco Central, para ajudar na luta contra operadores do mercado negro.

A Folha relatou que há negociações em andamento entre o governo e sites como Google e Meta para bloquear operadores ilegais. O governo também planeja trabalhar junto com provedores de serviços de internet para identificar e remover endereços de sites offshore.

A pressão forçou o governo brasileiro a agir?
Dudena fez alusão a operações policiais recentes envolvendo empresas supostamente envolvidas em apostas ilegais. Isso inclui um caso particularmente de alto perfil envolvendo a operadora local Esportes da Sorte.

O fundador da empresa, Darwin Henrique da Silva Filho, e sua esposa foram presos em 5 de setembro como parte da "Operação Integração" da polícia federal. Isso está investigando alegações de lavagem de dinheiro e apostas ilegais envolvendo a Esportes da Sorte.

Após as prisões, o Ministério da Justiça alegou que estava mirando uma organização criminosa que movimentou quase R$ 3 bilhões em jogos ilegais e lavagem de dinheiro.

Além disso, o setor de apostas foi criticado pelo setor varejista por alegações de que os jogadores no Brasil estão gastando menos em compras como roupas e alimentos para financiar seus hábitos de apostas.

Um estudo controverso da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) afirma que 23% dos que comprometem parte do salário com apostas todo mês pararam de comprar roupas, enquanto 11% reduziram seus gastos com saúde e medicamentos.

Coutinho e Carvalhaes acreditam que o prazo de outubro pode ajudar a aliviar os temores sobre o impacto das apostas no comportamento do consumidor e operadores ilegais.

“A suspensão de empresas de apostas que não solicitaram autorização para operar serve como uma forma de agilizar a triagem de empresas conformes e não conformes, inicialmente programada para janeiro de 2025.

“Também visa estabelecer maior controle sobre a operação de apostas esportivas no Brasil e os serviços oferecidos aos apostadores, com o propósito de proteger seu bem-estar mental, financeiro e físico.”

WhatsApp

WhatsApp

Telegram

Telegram

Skype

Skype